29 fevereiro 2008

Porquê será ??

1 Meus irmãos, como crentes em nosso glorioso Senhor Jesus Cristo, não façam diferença entre as pessoas, tratando-as com parcialidade. 2 Suponham que na reunião de vocês entre um homem com anel de ouro e roupas finas, e também entre um pobre com roupas velhas e sujas. 3 Se vocês derem atenção especial ao homem que está vestido com roupas finas e disserem: "Aqui está um lugar apropriado para o senhor", mas disserem ao pobre: "Você, fique em pé ali", ou: "Sente-se no chão, junto ao estrado onde ponho os meus pés", 4 não estarão fazendo discriminação, fazendo julgamentos com critérios errados? 5 Ouçam, meus amados irmãos: Não escolheu Deus os que são pobres aos olhos do mundo para serem ricos em fé e herdarem o Reino que ele prometeu aos que o amam? 6 Mas vocês têm desprezado o pobre. Não são os ricos que oprimem vocês? Não são eles os que os arrastam para os tribunais? 7 Não são eles que difamam o bom nome que sobre vocês foi invocado? 8 Se vocês de fato obedecerem à lei do Reino encontrada na Escritura que diz: "Ame o seu próximo como a si mesmo"{1}, estarão agindo corretamente. 9 Mas se tratarem os outros com parcialidade, estarão cometendo pecado e serão condenados pela Lei como transgressores. Tiago 2.1-9

Acordei num desses dias qualquer e fiquei pensando muito neste texto acima. Em meus quinze anos de pastorado vivi muita coisa boa e muita coisa ruim. Entre elas a experiência de ter aporrinhações conforme texto citado. Vou explicar!
Todo pastor vive a situação de ter gente que vai e gente que vem na comunidade eclesiástica. Pois bem! Como pastor não me lembro de ter sido chateado por conta de gente pobre que sai da igreja. Por exemplo: “Pastor, porque o irmão José saiu da igreja? Sentiremos a falta dele!” José é um irmãozinho pobre, seu dízimo é em média R$ 30,00 a R$ 40,00 reais. José é um irmãozinho tímido, fala pouco, mora mal e quase não faz nada na igreja a não ser orar em silêncio e cumprimentar discretamente as pessoas. Talvez por causa da sua situação pobre e insignificante. Quando José fica desempregado é comum ouvirmos que ele está em pecado ou não fez o que é certo. Não me lembro de ser questionado sobre a vida de José. Por que ele deixou a igreja e se está precisando de alguma coisa. Amigos pastores também me falam que é comum José não ser notado e nem citado. Como pastor, José não me causa problemas com sua saída. Nem percebemos que se foi embora!
A complicação se dá com o doutor. Por exemplo: Quando um doutor deixa a comunidade, é típico alguns irmãos darem falta dele. Principalmente o tesoureiro (nem todos). O Dízimo do doutor chega há R$ 1.000,00 ou até mais. Quando o doutor tem problemas em sua vida, é o Senhor provando a sua fé e quando ele sai da igreja eu sofro. Sofro porque é comum irmãos me indagarem se eu não errei com o doutor e por ter errado com ele, foi-se. Muitas dúvidas são geradas quanto à postura pastoral! Questionamentos são feitos, do tipo: “Pastor, o senhor pegou pesado.” “Acho que seu linguajar foi ruim pro doutor.” Ou “Pastor, esse papo de pecado espantou o irmão, agora iremos sofrer nas finanças. “Acho melhor o senhor fazer uma visitinha”. O José ninguém me cobra, o doutor, é uma perturbação ferrada.
Um pastor amigo me disse que por três meses um doutor deu o dízimo de cinco mil reais, o que o pastor amigo ordenou que mandasse tudo isso pra missões, afirmando o seguinte.
“A mensagem que pregamos aqui, esse tipo de gente não agüentará seis meses, então não contabiliza esse valor no caixa.”
O apóstolo Tiago afirma no texto acima que são os ricos que perturbam, “sacaneiam”, enchem a paciência e causam problemas. O pobre José não incomoda! Freqüenta certinho com discrição.
O rico é melindroso, desconfiado e maldoso! Qualquer comentário é pra ele e por ele.
O pobre, nem sabe que estão falando dele! Porque não falam!
Quando o pobre sai da igreja, é porque deu trabalho, “pisou na bola” ou já foi tarde. O pastor deu muito espaço e confiou demais.
Quando o rico sai da igreja é porque o pastor errou com ele e não deu atenção necessária.
Porque será que as pessoas se preocupam muito com o doutor e nada com o José?
Todos nós, pastores, ovelhas e líderes deviamos atentar melhor pra carta de Tiago. Acho que num certo sentido estamos dando os melhores lugares em nosso coração para os portadores de roupas boas e anéis caros.
Quem tem ouvidos para ouvir ouça o que o Espírito diz!

21 fevereiro 2008

Tem gente que ainda não entendeu nada!

Amigos leitores e companheiros de luta cristã!
Esses dias ouvi coisas impressionantes que me levaram a refletir sobre o valor do aconselhamento.
“Pastor, minha filha não quer mais vir a essa igreja por causa do problema dela com o marido. O senhor sabe né? O marido disse que pode ir a outra igreja na sua não porque o senhor conhece a vida dele.”
A história é a velha história! A mulher procura o pastor, abre a vida, chora, o pastor ora, aconselha ,acompanha e espera o resultado. Os dias passam e a mulher não vem mais porque o marido não deixa. O motivo é que agora o pastor está sabendo da vida dele.
Com mais freqüência eu ouço que é melhor freqüentar uma igreja grande porque lá ninguém sabe da vida do outro.
Que valor teve o aconselhamento e o tempo gasto com a referida mulher aflita?
As pessoas estão se perdendo no conceito do que é igreja! O corpo de Cristo não é um corpo isolado sem comunhão. Não será de bom proveito participar de uma comunidade que não sabe e nem auxilia o membro em suas dores. Não foi pra isso que Jesus pagou o preço e nem ensinou o valor de andar junto como os doze.
Depois de ouvir isso, confesso que fiquei pensativo se vale a pena, dar o meu tempo para pessoas que te “exploram” e depois fogem pra outro aprisco. Bem, se eu pensar no Reino como um todo vale, mas se pensar que deixei de dar o meu tempo pras outras que estão juntas, me sinto arrependido. São tantas que gostariam de ter o que as outras tiveram e foram embora que me entristeço por não ter dado a elas o meu precioso tempo.
Um pastor depois de ter acompanhado dois rapazes por muito tempo, os perdeu! Um certo dia encontrou um deles na rua e ouviu a seguinte desculpa: “Pastor, quero que saiba que o senhor me ajudou muito, e agora estou servindo em outra igreja. Só não fiquei na sua por vergonha.”
Acho que esse rapaz não entendeu nada do que é ser cristão, e como ele tem muitos!

20 fevereiro 2008

Desabafo de Ovelha (crente)

A vida de ovelha tem sido penosa e turbulenta. A ovelha está nesse aprisco desde que nasceu. Rick Warren afirma, "Se você não gasta tempo com os de fora, como irá entender o que eles pensam" ? Não temos mais pastores com chamados de Deus e sim teólogos diplomados, com bacharelado, Mba e ênfase em relações pessoais, marketing, administração.
Não sei mais quem é o "pastor", afinal ele é um pregador itinerante e pertencente à igreja de Cristo, você não viu a carteirinha de membro dele? Eu também não vi. Acima dele só Deus e o chapéu. Parece ser a quarta pessoa da "quatrindade". Não anda mais com revistas da EBD e sim com livros ou cds, quando não, os dois. E convenhamos de péssima qualidade técnica e teor patético.
A igreja virou um mercado. Os "pastores", os mercadores. As ovelhas as mercadorias.
Os fundamentos da nossa doutrina, eles mudaram. Se fui atropelado, foi legalidade espiritual. Se meu nome foi para o SPC, surge a pergunta: Você é dizimista fiel? Eles acham que nós só lemos a Bíblia domingo à noite.
A ovelha sempre sofrida doa a sua oportunidade de aconselhamento para as outras ovelhas em estado de emergência. A ovelha diz: Sujeição é o cume do abandono. É bem verdade, a mais pura verdade, é mais que verdade. Ovelha se berrar, está apostatada, afinal, foi levada como ovelha muda...Se uma ovelha sequer pensar algo que vai contra os interesses do "pastor", ele esbraveja essa:
" não levanta sua voz contra o ungido do Deus Vivo".
Alguns "pastores", no tempo de experiência, estão em todos os cultos. Oferecem-se para tudo: aconselhamento, reforma no templo, capinação no quintal da ovelhinha, não precisa nem de gasolina para o carro. Três meses depois, é um tal de férias, fim semana com a família, internet com speed, banda larga e tv a cabo. A ovelha, coitadinha, tendo que assistir o Jornal Nacional, quando não é outro programa (mas essa é outra conversa), por que só tem tv aberta e um aparelho preto e branco com esponja de "Bombril" na antena.
A ovelha não conta, mas, levanta sempre de madrugada para orar por ela mesma, pelo pastor, igreja, vizinho, comunidade, estado e país.
A ovelha tem primos ricos e irmãos pobres, que nem tiveram acesso a uma educação decente. E esta ovelha nem sequer chorou pela morte do avô. Quer saber um pouco sobre ele? Era um senhor de engenho e segundo o "pastor" a ovelha tem que orar por ele, que é pra não pegar uma maldição hereditária.
Ovelha morre de medo de que o pastor venha com esta história de rosa ungida, camisa ao avesso, sal grosso, sal iodado, sal temperado e pare de falar das coisas do céu. Aliás, só de ver um "oleozinho", ungido perto do púlpito a ovelha já estremece. Tem mais medo disso do que da máquina de tosa. Quer ver uma ovelha tremendo? Fale para ela que a igreja está pensando em alugar um "horariozinho" na televisão.
Ovelha entra em depressão com o fim da escola dominical.
A ovelha fica triste quando no dia de ano novo, o pastor lhe manda uma mensagem, não lhe desejando paz, felicidade, mas pedindo oferta, pois vai viajar. E a ovelha, com saudade dos que ela deixou há tempos e não pode nem lhes telefonar, pois o telefone é pré-pago e crédito só quando sobrar grana e quando vai sobrar?
Ovelha muitas vezes doa mais do que pode, vai muito alem dos 10%. E sente-se feliz por isso. Está ainda disposta a fazer trabalho braçal. E nem por isso acredita nessa historia de restituição, ano de Elias, ano de Isaque, oração dos 318, planta um, vai colher cem. Só ser for milho. E que não seja em Varzelandia, norte de minas, por que lá não chove faz tempo.
É dureza a vida de ovelha, ter que examinar com afinco tudo o que pastor anda dizendo, pra não ser ludibriada. Chegar em casa e repassar todo o sermão a luz da bíblia.
Como ir a igreja sem dinheiro para pagar o ônibus? Permanecer antes da catraca até o ultimo ponto, na esperança de que o culto acabe em menos de duas horas e ela consiga a integração gratuita na volta pra casa. Ter que usar o vale transporte da empresa e no fim do mês, pedir carona para o cobrador que a olha como se ela fosse uma desocupada. Acordar as quatro da matina. Trabalhar o dia inteiro de pé, agüentar pressão de chefe incircunciso, chateação de clientes "cheios de razão", colegas de trabalho, depois ir para a igreja e ouvir um sermão água com açúcar. Depois do culto a ovelha pega um "busão" lotado e o "pastor" de Vectra, Ford fusion (carrão), Audi A3, Frontier, Omega alemão, tudo automático, direção hidráulica, banco de couro, teto solar, mp3 e computador de bordo.
Pastor não sabe o que é uma catraca, não conhece um cobrador, nunca viu motorista pé de breque, nunca usou um cartãozinho chamado bilhete único. Pastor só conhece chekin (é assim que se escreve?), aeroporto, comissária de bordo, passagem de primeira classe, cartões cinco estrelas com limite ilimitado. Sei de um que chega de helicóptero, começa com Davi e termina com Miranda.
Ovelha sofre calada!
A ovelha gostaria de ficar perto do pastor, para ser um pastor um dia (não deixa de ser por interesse), mas o pastor tem sempre medo de concorrência.
Quando um desses pastores se vai, a ovelha estende suas preces para que Deus lhe de entendimento do Reino. Assim a sensibilidade aumenta.
Mas quando uma ovelha fala mal da outra, aí já é demais:
Esse é o ponto de vista de uma ovelha que não berra em coletividade, mas anda na contramão do sentido. Ovelha essa, que não entende muito bem alguns "pastores", mas que busca com ansiedade ouvir a voz do seu PASTOR. E eu nem sabia que ovelha tinha ponto de vista.


Adonias Reis

12 fevereiro 2008

A verdade é livre

Domingo, em minhas leituras matinais, deparei-me com um texto sobre Schopenhauer, filósofo alemão de 1788-1860. Conhecido pelo seu pessimismo e por sua defesa a Nietzsche.
O texto dizia que ele nos ensina a viver e nos desafia a vida moderna.
Mas o maior impacto que recebi de seus escritos foi sua frase e afirmação que diz:
“A verdade não foi feita para agradar, nem deve depender de adesões.”
Fiquei aturdido e pensativo sobre isso e no fim encorajado, apesar do filósofo ser pessimista.
Em nossas relações nós somos desafiados a todo tempo a sermos transparentes, embora que, as pessoas estejam acostumadas a falsidades e dissimulações, porque a verdade é impactante e aterrorizante.
Quando falamos a verdade corremos o risco de sermos deixados falando sozinhos, ou se o nosso ouvinte for humilde seremos amados.
O que é verdade na fala de Schopenhauer é que ela, a verdade, não precisa e nem deve ser agradável.
Quando a verdade é “chata” ou agressiva, é porque estamos envoltos em nossos erros e ela veio para nos tirar de nossa câmara de proteção do engano.
Se a verdade liberta como Cristo nos disse, ela então não precisa de adesões como bem destacou o filósofo, porque se depender disso, não será mais livre para libertar.
Terminei o texto com um alivio imenso, porque ser verdadeiro traz dores, perdas e isolamentos, mas mesmo assim é melhor do que enganar e ser enganado.
Que Deus nos dê, a mim e a você, verdadeiros momentos, verdadeiros amigos e verdadeiros pensamentos para que sejamos livres.