08 janeiro 2010

Tiro no Pé

Essa expressão esta relacionada com a idéia de tentativa e erro. É quando a pessoa executa uma intenção, mas o resultado é um fiasco.
Refiro-me a isso na questão da evangelização moderna nos meios de televisão.
Os pregadores arrebanham multidões aos seus cultos pela televisão, mas no geral e a grosso modo as pessoas não se convertem e nem sofrem o discipulado. John White escreveu que a vida com Cristo não é um mar de rosa quando se encontra com as oportunidades do mundo. O próprio Jesus nos advertiu que no mundo teríamos aflições.
As pregações televisivas não formam discípulos, mas arrebanham multidões que na maioria das vezes e um caça níquel. Elas só enriquecem os pregadores e não se tornam mais parecidas com Jesus. O processo discipular é mais complexo. A ordem de Jesus em Mateus 28 é profunda que o seu cumprimento não é feito nas massas, mas de um a um.
O discipulado é uma caminhada diária consistente de ensino diretivo e pratico sobre as varias situações da vida do discípulo. Na linguagem mais simples é vida na vida! Entendemos isso na fala de Paulo: "Sedes meus imitadores como eu sou de Cristo". A IURD tem esse programa, mas vai até e somente a imitação do Bispo que por conseqüência não é imitador de Cristo. Sua vida nada simples mas mafiosa não reflete o caráter de Jesus e o único modelo que ele consegue reproduzir é na posição das mãos e voz, ou a ganância no coração de cada pastor pelo poder.
Esse movimento de massa é um tiro no pé porque milhares hoje usam o nome de Jesus sem tomar consciência do que isso significa. "Nosso" crescimento é uma mentira e a multidão de evangélicos sem discipulado não atestam aos "incrédulos" o poder transformador de Jesus. As esposas não confirmam a mudança de tratamento do marido, os filhos não se importam com a Igreja porque não vêem nada de diferente no emocional da casa. Vai-se a igreja, mas tudo continua como antes. A única coisa que às vezes muda são as frases e jargões evangélicos que passam a permear o universo dos sincretismos. A única coisa que aprendem é que se der "zebra" invocando o nome de Jesus tudo funcionara de forma mágica. Isso não é discipulado!
No quarto século os pais da igreja construíam catedrais para formar os novos discípulos no conhecimento da palavra. Hoje catedral é um lugar suntuoso que tende a retratar o poder dos lideres, mas catedral vem de cátedra que é uma disciplina ou um assunto especifico no universo acadêmico.
Acredito que a falta de interesse no processo discipular é porque se gasta muito tempo no sujeito sem saber ao menos se irá dar certo e a vida do discipulador tem de ficar exposta como modelo fiel de Jesus Cristo. O próprio Jesus gastou três anos com Judas e veja no que deu! Todo tempo gasto foi inutilizado pelo caráter de Judas. Ele não se entregou ao modelo e propósito de Jesus mas o usou na tentativa de Jesus "bancar" seu sonho pessoal e revolucionário. Acredito que isso tem movido as multidões atrás das igrejas que prometem uma solução fácil e mágica para seus problemas.
Mesmo assim a ordem dada por Ele é fazer discípulos e devemos cumprir se quisermos fazer a obra.
Por isso que volto a dizer que todo esse dinheiro e tempo gasto na televisão e nos prédios suntuosos tem sido um tiro no pé. Esse pessoal todo entrando pelas portas dos ministérios ufanistas não tem se tornado mais parecido com Jesus conforme o desejo de Deus Pai.
Você é discípulo ou usuário da fé?
Seu desejo é ser mais parecido com Jesus ou resolver seus problemas usando tal poder da fé?
Se apenas usar o "poder" da fé poderás conseguir alguma coisa mas ficaras só com isso e mais nada.

Fragilidade

Observando as pessoas que vem e vão numa recepção do hospital bem de frente ao centro cirurgico constatei a fragilidade humana estampada nos rostos anônimos.
Roupa melhor ou cabelo mais bem penteado ou chave do carro importado e até mesmo uma cultura mais aprimorada não ajuda muito quando se tem um ente querido na sala de cirurgia.
Qualquer um teme e sente o cheiro da duvida e a sombra da morte passar perto.
Se há algum ateu neste publico penso que até ele percebe que a vida parece ficar na mão de um Ser superior. É lógico que ele pensa no medico como esse ser superior, mas o medico é o deus que ele acredita naquele momento. O ateu é assim! Diz que não acredita em deus, mas é no nosso Deus que ele não crê mas é impossível se viver sem a construção ideológica de algo maior que nós mesmos.
Neste universo recepcional hospitalar o medico é a figura mais desejada possível. Sua palavra e seu conselho é o âmago do self de cada um neste momento.
Como eu estava falando, Deus aparece na esperança de cada um nesta hora, até porque se não for assim é quase que impossível resistir à demora e a frieza medica.
Neste local tudo é gelado!
Embora nosso ego esteja quente na espera de noticias a nossa alma esta fria no medo dela chegar e não ser favorável.
O bom disso de vez em quando é a percepção da fragilidade da vida e os novos planos que fazemos na espera da recepção de que se der tudo certo muita coisa vai mudar. E muda mesmo porque chegamos bem perto da incerteza humana e da fragilidade da vida.

Justiça Cega

Sentado na recepção do hospital na espera da alta medica por ocasião da cirurgia do meu filho escutei um rapaz ao meu lado conversando com um amigo ao telefone orientando-o a mentir para levar vantagem no emprego.
Dizia ele ao seu amigo para ir ao medico pegar atestado de stress e começar a faltar uma vez por semana. Pedir a conta não era vantagem. O ideal, dizia ele, é armar um esquema para ser mandado embora sem justa causa. O certo mesmo é procurar um advogado e ser informado direito ate onde pode ir às armações.
Eu fiquei boquiaberto com o que ouvia.
O sujeito repetiu o esquema que o amigo deveria seguir umas 5 vezes no mínimo.
O mais complicado de se dizer é que seu semblante não é dos mais confiáveis.
Sabe aquele rosto que não te encara? Olhos escuros sem expressão? Lábios caídos e postura corporal empinada com cabelos levemente penteado, mas aparentemente ensebado pelo suor.
Na conversa pelo telefone com o amigo sua voz era mansa e calculada.
O que sei é que a justiça do trabalho da muito ganho de causa para o trabalhador condenando o empresário. A impressão que tenho é de que ser empresário é ser marginal e o trabalhador desonesto e espertalhão é sempre o injustiçado.
Um amigo empresário me disse que os funcionários novos ficam às vezes 30 dias para apresentarem a carteira de trabalho e depois entram na justiça querendo ganhos.
Na hora de cobrar impostos e pedir ajuda aos empresários o governo e a justiça sabem.
A justiça representada pela imagem da mulher vendada e uma balança na mão diz que ela não vê para ser imparcial e julgar apenas pelo processo descrito, mas pelo que temos visto diz mais que ela é cega mesma e manipulada.

01 janeiro 2010

I dia do Ano de 2010

Acordei neste primeiro dia do ano de 2010 e percebi que as coisas não haviam mudado tanto como muitos pensaram que iria mudar.
Aliás, tragédias por causa da chuva começavam aparecer!
Desde muito tempo as tragédias de fim de ano e inicio de ano surgem nos noticiários no primeiro dia.
É triste ver que famílias se deslocaram para festejarem uma nova data e com ela veio o acidente e as mortes.
O que dizer?
Talvez alguém pense que foi Deus ou a Iemanjá!
Personagem do imaginário folclórico da religião afro, Iemanjá considerada rainha do mar ou a deusa das águas sempre apronta das suas no fim de ano. Ainda me lembro do barco “Batoumuche”, (não sei como se escreve), em que vários morreram na baía de Guanabara numa dessas viradas de ano.
Mas será mesmo que tudo isso tem haver com esse personagem?
Ainda de viagem por conta do fim de ano, ouvi nos noticiários que a ONG cobra coral do cacique cobra coral, outro personagem do imaginário afro, iria afastar da capital do Rio de Janeiro a chuva para que todos possam ver sem empecilho os fogos de artifício. Mas será que ele soprou tanto as nuvens que elas foram parar em Angra e todo esse acidente ficou por lá?
São perguntas que no campo espiritual temos dificuldades de responder, mas será que as perguntas e respostas são dessa ordem mesmo ou a coisa é urbana e de política ambiental e estrutural?
Dizer que foi Deus ou o diabo ou qualquer entidade é muito fácil, o difícil é como igreja ajudarmos com apoio social, abrirmos nossos cofres para assistirmos os enlutados, apoiarmos a administração de melhor política ambiental em vez de pedirmos terreno ou dinheiro na eleição.
Com certeza um dia saberemos quem foi e porque foi causado todo esse acidente, ou se Deus esteve mesmo esse tempo todo distante e ausente de tudo isso, o que não acredito, mas sem dúvida saberemos um dia o mistério da vida e da morte nos será revelado.
Enquanto isso ajudemos e oremos para que os que perderam parentes e casas sejam confortados porque Jesus disse que o consolador estaria conosco.
Então nós temos muito que consolar!