25 julho 2010

Procura-se amigos com A maíusculo

Recentemente recebi por email um texto do Ricardo Gondim que muito me falou. Falou-me porque percebi que sua “queixa” tem eco na minha e deverá ter na sua também.
Antes de você o ler, quero dar minha contribuição ao texto.
Sendo pastor, muitas pessoas se aproximaram e se aproximam de mim, mas na maioria delas foi para tirar proveito. Proveito no bom sentido! Proveito bíblico, aconselhamento e talvez por achar que sou espiritual. Perto de mim acreditam que ficarão um pouco mais ungidos. Outros foram por conta do “falso poder” eclesiástico que em suas imaginações eu poderia dar espaço e crescimento aos seus sonhos pessoais. Como disse muito bem o Gondim, eu também como ele, às vezes em minhas reflexões torno-me duro e amargo nos comentários e depois disso os amigos se revelam me deixando a falar sozinho. No meu entendimento amigo verdadeiro suporta meus contratempos e dissabores. Amigos verdadeiros entendem que também falo besteira e comentários infelizes. Também advogo com o Gondim de que entre amigos posso dizer o que penso sem reservas, mas... ao longo desse tempo quebrei a cara. Bem... ou quebrei a cara ou ainda não tive amigos.
Muitos me procuravam quando minha igreja tinha bons recursos, e a todos ajudei. Me lasquei! Hoje, nenhum deles está por aqui ou por perto. Quando há doces as moscas aparecem! A natureza nos ensina!
Um dia, achei que tinha encontrado o amigo verdadeiro. As conversas entre nós eram muito íntimas e confidenciais. Recebi dele muita ajuda e admiração, mas não sei se foi mordido pela chamada mosca azul ou suas neuroses foram mais fortes que minhas demonstrações de amizade, mas o que sei é que nossa amizade durou até o dia em que disse o que pensava num determinado momento, não o tempo todo, mas num momento. Desgraça minha! O que disse tornou-se fel na mente dele. Rompimento sem volta, mesmo depois de eu tentar de tudo, ou quase tudo, não o tive de volta. Amigo ferido ou nunca amigo? Não sei. Mas não posso ser ingrato. Tenho outros antigos e outro novo. Mas só o tempo dirá se são mesmos.
Vamos ao texto do Gondim, pois com ele o meu fará um pouco mais de sentido.

Procuram-se amigos
Riardo Gondim

Quando eu era menino, mamãe me aconselhava a tomar cuidado com os meus amigos. Depois, quando cresci mais, papai repetiu o surrado provérbio: “Dize-me com quem andas e te direi quem és”. Passados vários anos e com tanta água sob pontes e viadutos, não consigo avaliar se consegui obedecê-los. Sinto, porém, que preciso achar novos amigos.

Cheguei à meia idade bem decepcionado com a palavra Amizade. Esfolei os joelhos nos desdéns, aprofundei as ranhuras da cara com decepções e perdi tufos de cabelo com traições. Mas mesmo assim, reluto; não posso tornar-me cético, sei que devo manter-me próximo de amigos verdadeiros - Isso não é fácil!

Faz pouco tempo, devido à internet, encontrei um colega (já não posso chamar-lhe de amigo) - estranho, eu o considerava um "irmãozão". Havíamos perdido o contato há alguns anos. Redigi e mandei-lhe uma mensagem cheia de afeto e saudade. Na verdade, eu estava carente, necessitado de vínculos leais. Tal como um doente que aperta a campainha da UTI, desesperado pelo socorro do médico, eu clamava por sua atenção. Arrazado, amarguei uma resposta horrível. Ele candidamente agradeceu a “carta eletrônica” e não hesitou em propor que, daquele dia em diante, compartilhássemos esboços de sermão. Quase chorei. A última coisa que eu precisava era um “esqueleto” de pregação.

Entretanto, mesmo amealhando decepções, insisto em garimpar amigos.

Quero ser amigo de quem valoriza a lealdade. Quando papai esteve preso, o estigma de subversivo grudou nele. Um dia, ele me contou com lágrimas nos olhos que vários ex-colegas da Aeronáutica desciam a calçada para não se verem obrigados a cumprimentá-lo. Guardo esse trauma e, sinceramente, não consigo lidar com amizades de conveniência.

Preciso acreditar em amizades que não se intimidam com censuras, que não retrocedem diante do perigo e que não abandonam na hora do apedrejamento. Amigos não desertam.

Quero ser amigo de quem eu não deva me proteger, mas que também não se sinta acuado e com medo de mim. Não creio em companheirismo lotado de suspeita. Grandes amigos são vulneráveis; conversam sem cautela; sentem-se livres para rasgar a alma e sabem que confidências e segredos nunca serão jogados no ventilador da indiscrição. Amigos preferem proteger os amigos a defender normas, estatutos e leis.

Quero ser amigo de quem não se melindra com facilidade. Eu me conheço, sei que piso em calos. Agrido com meus silêncios. Uso a introspecção para tecer comentários ácidos e impensados. Às vezes quanto mais tento, mais me mostro tosco. Vou precisar de amigos que tolerem as minhas heresias, hesitações e pecados. Dependo de que suportem o baque de minhas inadequações, e que sejam teimosos em me querer bem.

Quero ser amigo, não simples parceiro de vocação. Já preguei em igrejas em que o pastor, depois da programação, se despediu de mim na calçada do aeroporto e nunca mais tive notícias dele ou da igreja. Não vou colocar o meu nome em conferências ou congressos que só me querem para divulgação. Recuso-me a reforçar eventos que engradecem pessoas ou instituições, mas não criam vínculos de carinho ou de cuidado.

Já não aguento abraços coreografados. Manifestações artificiais de coleguismo, me enfadam. Tornou-se ridículo para mim testemunhar pessoas dizendo "somos uma só família em Cristo" e depois vê-las alfinetando os "irmãos" com comentários venenosos.

Amizades certinhas, alimentadas por pieguismo e textos re-encaminhados de power-point, já não dizem muita coisa. Quanta preguiça e descuido jazem nas entrelinhas dos cartões de aniversário com frases prontas. Verdadeiros amigos sabem que seus sentimentos são preciosos e como é valioso compartilhá-los. Amizades superficiais são mais danosas do que inimizades explícitas.

Quero ser amigo de quem não tem necessidade de parecer certinho. Não tolero conviver com quem nunca tropeça nos próprios cadarços ou que jamais admitiu ter sonhos eróticos. Ando cauteloso com quem se arvora de ter a língua sob controle absoluto.Vez por outra preciso relaxar, rir do passado, sonhar maluquices para o futuro e conversar trivialidades.

Necessito de amigos que se deliciam em ouvir a mesma música duas vezes para perceber as sutilezas da poesia. Como é bom encontrar um velho camarada e comentar aquele filme que a gente acabou de assistir. Adoro partilhar pedaços do último livro que li. Vale contar com amigos que numa mesma conversa, elogiam ou espinafram políticos, pastores, atores, árbitros de futebol. Não existe preço para riso ou lágrima que vem da poesia.

Quero terminar os dias e poder afirmar que, mesmo desacreditado das ideologias, dos sistemas econômicos e das instituições religiosas, jamais negligenciei a minha melhor fortuna: meus bons e velhos amigos. Contudo, ainda desejo encontrar mais amigos.


Soli Deo Gloria.
20-07-10

19 julho 2010

A falência da família

A triste realidade em que as famílias estão inseridas fez com que o governo arbitrasse no espaço que é sagrado. É assim que eu vejo a família. Um núcleo onde Deus, o autor dela, deveria ser o árbitro, mas pela incredulidade dos corações não tem sido mais.
A última do governo foi à aprovação do crime aos pais que derem palmadas em seus filhos e forem denunciados quanto a isso. O problema é se for denunciado por um vizinho que acha que você está sendo demais com as crianças. Tudo isso se dá por causa das graves denuncias de abusos contra elas ao longo da história. Mas há nos autos do código civil e até criminal uma lei contra isso, não precisava ser especifico quanto às palmadas ditas pedagógicas.
Nós que advogamos a lei das sagradas escrituras corremos o risco de sermos “marginais” se continuarmos praticando as palmadas corretivas conforme a Bíblia nos diz:
"Castiga o teu filho, e te dará descanso; e dará delícias à tua alma." Provérbios 29:17
"Castiga o teu filho enquanto há esperança, mas não deixes que o teu ânimo se exalte até o matar." Provérbios 19:18
"O que não faz uso da vara odeia seu filho, mas o que o ama, desde cedo o castiga." Provérbios 13:24

A bíblia fica desatualizada diante da nova lei!
Sigo as lições da juíza de paz da Argentina que se negará a fazer casamento homossexual diante da lei que apóia a união civil homossexual. Farei o mesmo por aqui quanto às palmadas pedagógicas.
Lembro-me bem na década de 70 quando os psicólogos explicaram na revista Veja que bater é uma agressão, mas 10 anos depois na década de 80 vieram e disseram que uma correção é boa pras crianças. Alguns por seguirem a orientação de 70 em 80 estão com uns monstros em casa e não há mais o que fazer.
Vejo claramente a criação do Cazuza que virou ícone de uma juventude sem pai e mãe que no filme mostra claramente que foi mimado e sem correção. Sua mãe e pai fracos, permissivos criaram um desafeiçoado, rebelde e insubmisso que até chingava a mãe.
Com o cumprimento desta nova lei de criminalização da palmada, vejo mais claramente o cumprimento da palavra de Paulo:
“Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos.
Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos,” 2tm.3.1,2

Termino com uma história que ouvi de um amigo.
Na rua, quando seu filho lhe desobedeceu e fez pirraça, ele deu umas palmadas na criança. Passou um policial e disse: - “Meu amigo, não faz isso com a criança!”
O meu amigo respondeu: - “Senhor, se eu não fizer isso com ele hoje, você fará amanhã!”

01 julho 2010

A senhora Kaká e suas palestras 2

Recebi algumas criticas pelo que escrevi abaixo sobre a pregação de Caroline Celico as ricas de São Paulo. Disseram que eu não sei o que ela falou, logo, não poderia julgar ou fazer críticas. Disseram que o evangelho é para todos e que as ricas também podem ouvir de Deus.
Pensei muito sobre isso e resolvi escrever pela fé o que poderia ter acontecido baseado nos evangelhos.
Caroline Celico chega à casa do encontro e já na recepção abraça e beija as demais. Na sala, todas aguardam ansiosamente o que a senhora Kaká irá dizer. Pra quebrar o gelo ela permite que perguntem sobre sua vida pessoal com o jogador e já neste clima testemunha que foi curada de um tumor que lhe impedia de engravidar. Usa a bíblia para descrever quando Deus deu a Sara, esposa de Abraão, um filho mesmo na velhice. Isso se torna um gancho para que ela continue a compartilhar da bíblia.
À medida que Caroline aprofunda nos textos bíblicos percebe-se certo incômodo no ar. As mulheres ricas não estão acostumadas à leitura da bíblia. Não tem tempo, pois entre um encontro e outro e a vida social, a bíblia não é muito admirada, mas a esposa do Silvio Santos, uma das convidadas se encarrega de dar suporte a senhora Kaká.
Num determinado momento ela começa a descer mais fundo com textos de Jesus mandando não guardar tesouro na terra, mas dar aos pobres e acumular nos céu. Um transtorno no semblante começa a tomar o rosto das mulheres, algumas seguram fortemente suas bolsas caras e pensam o que será agora?
A pregadora percebe um alvoroço interno nas mulheres e resolve falar do amor de Deus para amenizar a situação, mas coloca esse amor para com todos e como devem tratar a todos com igualdade e neste momento ela pede para que os motoristas, as empregadas na cozinha e outros funcionários venham pra sala ouvir também da palavra de Deus como elas. Depois de uma resistência muitas aceitam, mas outras insistem em permanecer assim, distantes dos funcionários. Quando alguns deles entram no recinto, Carolina Celico pede um abraço deles e diz que em Jesus não há grego, judeu ou árabe, mas todos são iguais. As ricas ficam constrangidas com os afetos demonstrados, mas tentam entrar no clima.
A reunião fica mais quente, umas já conseguem expressar sentimentos, outras já estão em clima de se tornarem crentes, adeptas da mesma fé que Caroline, mas num determinado momento, Caroline pede que se de fato elas querem ser seguidoras de Jesus, elas deveriam abandonar suas vidas de pecado. Essa não é uma palavra muito convidativa, porque hoje, nós temos um problema, uma dificuldade, pecado é reconhecer totalmente a minha culpa e o meu erro. Caroline encontra certa resistência, mas insiste, porque ela sabe que não se pode seguir a Jesus sem reconhecer o pecado e admitir que Jesus pagou por ele na cruz. Até ai pode ser fácil, porque elas sabem que a religião deste século é boa, moderna e não pede nada a não ser dinheiro e dinheiro elas tem e muito.
Mas Caroline diz, como que num golpe de misericórdia que seguir a Jesus é tomar a cruz e ir após Ele. Silêncio na sala! As mulheres não compreendem muito bem, algumas até pensam que tomar a cruz é admitir que a sogra venha morar com elas, ou aturar o marido chato, ou seja lá o que for, mas Caroline explica, agora muito emocionada que tomar a cruz é largar o prazer deste mundo, viver para Cristo, empregando todos os recursos para que a vontade de Deus seja feita. Seus planos pessoais deveriam agora se tornar os planos de Deus. Elas agora deveriam dar uma boa parte do seu tempo para os pobres, como Jesus fez, deveriam se doar pelos que não podem agradecer, como Jesus fez, deveriam pensar como Deus e lutarem para que não tenham mais famintos pelas ruas e que as crianças poderiam dividir o banco dos seus carros junto com seus cachorros caros e que deveriam orar para que seus maridos também encontrem a Jesus e que eles vejam que o glamour e os brilhos deste mundo se apagam quando encontramos a Jesus.
Os cofres de suas casas deveriam ficar vazios, porque nosso tesouro está nos céus e que agora, com Cristo a segurança de suas vidas não é mais os seus recursos, mas a leitura da bíblia diariamente. Serem submissas nas igrejas, servindo a Deus com alegria e singeleza de coração. Respeitando os mais velhos da igreja, mesmo que sejam pobres, porque diante de Deus não há rico ou pobre.
Ao terminar essa explicação, uma parte menor se dispôs a tudo isso e outra parte maior, percebendo que duro era esse discurso, foram embora entristecidas por não poder abrir mão deste mundo.
As que se dispuseram, saíram sabendo, que o mundo as odiaria e muita luta viria pela frente, mas que agora, poderiam contar com Jesus e que o nosso galardão está nos céus.
Abraçaram-se, choraram e ali mesmo, foram batizadas e ao regressarem para as suas casas deveriam testemunhar do que Deus fez por elas.
Eu espero que tenha sido isso que a Caroline Celico foi fazer lá, com a benção da Bispa, sua sogra.