15 abril 2011

Crescimento da Igreja é benção mesmo?


Desde muito ouço teses e discursos sobre o crescimento da igreja.
Livros são escritos fundamentados em experiências pessoais e teologias difusas.
A igreja que cresce se baseia no crescimento didático e numérico e nunca na vivencia ou crescimento da maturidade pessoal.
É comum se ouvir que igreja que não cresce é problemática ou tem doença ou falta de espiritualidade.
Todos se baseiam no crescimento descrito em Atos dos Apóstolos sem ao menos perceberem que naquele momento o seu crescimento estava associado à divulgação do Evangelho ou melhor, da boa notícia.
Fico a pensar e perguntar? Crescimento é bom?
Sei das vantagens do crescimento mas também das desvantagens!
A mim, é muito pejorativo ouvir das ovelhas: “Pastor, gostaria muito de falar com o senhor mas sei que seu tempo é precioso e não há nele espaço pra mais ninguém”. Se o pastor não tem tempo para as pessoas tem pra que?
É ruim ser abordado por uma pessoa que diz freqüentar sua igreja e você nem ao menos sabe quem ele é, mas há pastor que se sente lisonjeado pelo tamanho de sua congregação.
Muita coisa ruim cresce! Erva daninha, câncer, tumor, catarata, maldade e muito mais, sendo assim, atribuir ao crescimento da igreja um milagre ou benção é demais ou imaturidade.
Também percebo que quanto mais a igreja cresce mais ela tem de se amoldar ao padrão empresarial para poder dar conta da demanda. As coisas não ficam mais nos “pés dos apóstolos” mas na administração exemplar e os membros não são mais irmãos preciosos mas número.
Neste processo doentio de crescimento há o problema dos irmãos menos capacitado ficar de canto, esquecido e sem função, porque a igreja é tão grande e importante que ele não é visto e nem sequer percebido ou amado.
A igreja que cresce passa a ser um lugar de ouvir palestras e point da moçada e não um lugar de mudança ou irmandade assistida.
Igreja é o lugar de abraçar, amar e ser amado. Lugar de ouvir e ser ouvido! Lugar de falar e ser falado! Lugar de dar e receber. Lugar de aprender e de ensinar.
Me entristece ver nomes fluentes e conhecidos como sérios envolvidos nesta panacéia de crescimento. Envolvidos com a igreja numérica e sem tempo para atender os pequenos!
Não creio mais que crescimento é benção!
Creio que se conseguirmos assistir um pequeno e olhar no olho do outro sem pressa ou tempo corrido a benção é real, porque numa sociedade pós-moderna como a nossa, tempo é mais precioso que água e quem tem tempo para o outro tem a benção.
Será mesmo que crescimento é bom?