04 julho 2011

A lição de Optimus Prime


Fui ver com meus filhos e esposa a estréia do filme Transformers 3. Um show de imagem e ação como sempre. Contudo, mesmo diante de um filme como esses meu radar consciente e intelectual fica ligado o tempo todo e mais uma vez captei um ensinamento precioso que me fez pensar.
Bem no final do filme numa batalha estrondosa do Optimus Prime e um ex-amigo combatente que muda de lado durante a historia é derrotado pelo Optimus e na conversa pede perdão por ter-lhe traído. Optimus Prime diz a melhor das compreensões: “Você não me traiu, traiu a si - mesmo.”
Eu tive um click! É verdade o que ele disse! Não traímos os outros mas nos traímos. Ao defendermos bandeiras, posições e amigos, mas depois nos vemos contradizendo ou apunhalando amigos, na verdade estamos fazendo contra nós mesmos e nossas convicções.
Não creio que há pessoas que são “bandidas” por convicção. Bandido como “pilantras” e exímios sacanas, mas gente que por diversas circunstancias foi levada pela vida há tomar partido e decisão na contramão do que disse, pregou ou ensinou a vida toda.
Exemplo: Dois amigos de anos compartilham histórias e confidencias. Quando um precisa procura o outro e é assistido. No meio dessa caminhada, um deles tem um desafeto. O amigo lhe defende e fica ao seu lado, como todo bom amigo. Ao longo do tempo percebe que o tal amigo também faz o mesmo jogo com o desafeto. Talvez por questões mais fortes que si mesmo, mas fica fazendo jogo duplo. Será que podemos definir isso como Optimus Prime definiu como trair a si - mesmo? Eu considero que sim!
Outra situação: Marido e mulher prometem ao longo dos anos fidelidade, mas na caminhada um dos dois comete a chamada traição popular. Saiu com outro! Será que Optimus Prime está certo quando diz que o traidor traiu a si - mesmo? Sim, acredito que é isso mesmo. Para se trair alguém é preciso começar por si - mesmo, o primeiro alguém na frente de todo mundo é o si - mesmo.
Saí do cinema com uma pancada enorme na cabeça e um aprendizado gigantesco.
Todos nós um dia já fomos traíra de si - mesmo! E não precisa considerar os dois pequenos exemplos que dei, mas muitos outros de contradição que fazemos no dia a dia.
Quem não foi traíra um dia que atire a primeira pedra!

Obs: si - mesmo na visão do Jung
O Si mesmo representa o objetivo do homem inteiro, a saber, a realização de sua totalidade e de sua individualidade, com ou contra sua vontade. A dinâmica desse processo é o instinto, que vigia para que tudo o que pertence a uma vida individual figure ali, exatamente, com ou sem a concordância do sujeito, quer tenha consciência do que acontece, quer não."