05 junho 2008

No que nos tornamos?

Estive na rua considerada totalmente evangélica. A Conde de Sarzedas. Lá existe de tudo, até banca de CD e DVD pirata. Inacreditável ver crentes comprando e encomendando.
Nas lojas você encontra “uniforme” evangélico que vai desde gravata brega de fechecler a camiseta com dizeres esquisitos.
Entrei numa loja bonita, bem decorada de broches, brincos e jóias. Lá avistei uma carteira de ministro evangélico, estilo da policia, com brasão da República. O modelo é para por no bolso da camisa com o brasão pra fora. Estilo “carteirada” na cara de alguém. Pra que isso? Perguntei pra moça do balcão: "Vende muito?" “É o que mais vende!” Respondeu ela. Meu Deus, pensei, porque isso? Que tipo de pastor e líder tem no cenário cristão de hoje pra precisar dessas carteiras?
Vi também uns anéis “gigantes” com inscrições que não ousei perguntar. Vi broches e lapelas pra camisa com inscrições “G12”, “ungido”, “consagrado”, “porteiro”, “pastor”, “apóstolo” e muitos outros que tive de sair às pressas da loja pelo ataque de riso que fui acometido. Fiquei depois com uma pequena depressão pelo que vi. Lamentável isso tudo! Nossa autoridade deixou de ser espiritual e passou a ser material.
O que virou a fé evangélica?

Sem contar os ministérios de hoje que passam mais pelo crivo do corporativismo do que da obra do Espírito Santo. James Houston falou que o ministério profissionalizado de hoje tende a substituir amor por técnicas e tecnologias.
Aqui mesmo na Relva, igreja que pastoreio, eu vivia cercado de profetas querendo fazer campanhas de oração comigo. Quando acabou o dinheiro e os membros ricos, sumiu tudo. Porque será?
Um rapaz muito querido que perdeu a ceia de domingo, me procurou e disse: “Pastor, preciso pedir a ceia”. Eu respondi brincando: “Passe na secretaria, retire um boleto, pague no banco, envie por fax o comprovante e em seguida envio a ceia pelo email.”
Brincadeiras a partes, pelo que vi na Conde e nas igrejas, daqui a pouco estaremos desse jeito.
Já tem igreja pelo rádio com carteirinha de membro pelo correio. O culto você ouve em casa e a contribuição você faz no banco.
Em que nos tornamos mesmo?