22 março 2011

Solidão e Solitude


As palavras parecem iguais mas tem sentidos diferentes. A solidão é o sentimento que temos quando vivenciamos dificuldades na vida e não encontramos alguém que possa estar ao lado. Solidão é um momento cruel que assola como sol escaldante quando a depressão invade o ego e o joga no chão. Sendo casado(a) ao chegar em casa o conjuge não lhe abraça, aconchega e os filhos nem lhe olham na cara. O único que lhe faz festa é o cachorro mas não serve porque voce sabe que ele o faz por instinto e não por afeto. Solidão é o martelo que destroi a única esperança que resta. É o aviso de que não há ninguém interessado na sua dor ou a incompetencia alheia é muito grande em lhe atender. Solidão também é o momento importante a ser vivido para que o ego entenda que não pode ser atendido em tudo. Mas conceituando na negatividade é imperativo que a solidão sobrevive como algoz na vida do que sofre e sofre a carencia do outro. Bem, aqui eu falo pelos homens que escuto diariamente. Nós sofremos o distanciamento materno e quando casamos a esposa não consegue ou não quer fazer o papel de substituta e nem desenvolve o próprio. É comum os homens reclamarem que suas esposas não são carinhosas, não dão sexo na medida ideal, não o ouvem, não dão colo, não são sedutoras e ainda exigem fidelidade. A solidão tende a dominar e o ego tende a buscar espantar a solidão com um achado. Por isso que a amante é a mulher ideal, porque ela apenas dá o colo e o sexo que vitamina e levanta o ego para continuar enfrentando o leão lá fora.
Pensando na solitude só consigo vê-la como algo em que procuro para pensar sobre a vida e aquietar a alma. Solitude é um momento fabricado para encontrar a alma e fazê-la aquietar-se mas só consigo ir ao encontro da solitude se tiver resolvido o problema da solidão. Senão na solitude eu dou de cara com a solidão e lá ela me assassina. A solitude sob o fantasma da solidão é perversão. Essa perversidade aparenta agradar mas oprime no final.
Uma solitude sadia é estar só mas não solitário. 

10 março 2011

Criatividade Eclesiástica Urgente


A igreja precisa de um derramamento de criatividade!
Arcaicamente pedimos um derramamento do Espírito Santo como uma repetição de Atos 2, como se isso fosse mudar nosso jeito de ser.
Ainda vivemos sob os auspícios da reforma protestante americana, inglesa, saxônica e outras mais. Aqui no Brasil se pratica o mesmo que nos Estados Unidos e não levamos em conta o que se faz por aqui.
Nossas músicas são americanizadas e nosso jeito de cultuar também
Enquanto a festa de carnaval demonizada por todos nós acontece, nossas igrejas buscam freneticamente lugares para se retirar. Participei de diversos acampamentos e neles tive minha vida edificada, mas precisamos refazer a forma da igreja no Brasil. Enquanto nas ruas o povo explode de bebida, drogas e sexo livre, nós nos beatificamos numa santidade exclusivista e medrosa. Na verdade, acredito que nos retiros, afirmamos nossa covardia para fazermos o que se deveria fazer, pois nos falta criatividade para tal.
Entendo que o retiro, ou acampamento de carnaval, tem um propósito que só atende a quem pertence o grupo retirado. É bom o vínculo que se estabelece e é saudável viver uns dias em comunidade, mas prestamos um dês-serviço ao país com esta atitude.
Sem participar de retiros por algum tempo, neste carnaval, fui às ruas ver o que acontece. Não estive na grande cidade, mas no interior de São Paulo e na praça central, vi jovens e velhos pulando com as músicas promovidas pela prefeitura local. Poucos estavam com fantasias. Muitos, ainda se vestem invertidamente, uma total falta de criatividade também. Homens como mulheres e mulheres como homens. Fiquei pensando! Como seria legal a igreja se unir e botar na rua uma escola de samba com alegorias bíblicas, morais e reflexivas, incitando o povo a pensar nos perigos da vida e como se vive. A criatividade que temos no seio evangélico é pobre. Achamos que igrejas moderninhas que ousam fazer um culto diferente são criativas. A Igreja Bola de Neve, reduto dos jovens surfistas tem um púlpito em prancha de surf, mas o pastor diz que crente gosta de glamour. Que besteira é essa? A Renascer que na década de 90 abriu para um louvor roqueirizado se rendeu a prosperidade, talvez porque faltou criatividade. Quando a perdemos regredimos ou estacionamos no fundamentalismo, o inferno na terra.
Karen Armstrong diz: “O fundamentalismo se mantém na defensiva e rechaça qualquer ponto de vista rival – mais uma expressão de intolerância. Os fundamentalistas cristãos são inflexíveis no que julgam moral e socialmente corretos. Lutam contra o ensinamento da teoria da evolução em escolas públicas, são patriotas fervorosos, mas avessos a democracia, vêem o feminismo como um dos grandes males do momento e fazem campanhas contra o aborto. Alguns extremistas chegaram a matar médicos e enfermeiras que trabalhavam em clínicas de aborto. Estão convencidos que suas doutrinas são uma expressão precisa e definitiva da verdade bíblica e que cada palavra bíblica é literalmente verdadeira. Acreditam que os milagres são uma característica essencial da fé cristã e que Deus dará o que pedem em oração.”
Esse grupo não permite criatividade, pois a tradição é o elemento fundamental de suas crenças.
Quando Deus se revelou em Jesus, vemos Nele a criatividade eterna levando-nos a um momento único e diferenciado do antigo Judaísmo.
Tudo se fez novo e agora tudo se faz velho!
Oro urgente por um derramamento de criatividade na igreja, mas que venha com conteúdo, consistência e profundidade, para que não sejamos idiotas, circenses e distraidores de bodes.
Anseio por uma criatividade que tenha amor, compaixão, disciplina, decência, humildade, verdade e acima de tudo Jesus. O que ousou ser criativo em um tempo que a criatividade levava a morte. Será que estamos verdadeiramente propensos a tomar a cruz e segui-lo?