Recebo
diariamente pessoas em meu consultório tentando resolver uma crise típica da
cidade grande. Tempo e Dinheiro. Todos querem mais tempo e mais dinheiro.
Quando percebem que a cidade lhes roubam o tempo e o dinheiro, buscam o meu
serviço psicanalítico para tentar resolver o problema. A minha resposta seria
simples. “Peça demissão e vá cuidar de sua vida.” Mas logo percebo que cairiam
em um problema que se constituiria máster. Dinheiro! Teria tempo, mas o tempo
lhe cobraria dinheiro. Sem saída! Para pagar os custos da vida moderna
precisa-se de dinheiro e sem ele não se vive. Logo, estamos de novo no dilema.
O tempo se torna o meu algoz e me leva novamente para suas teias.
A questão
está no entendimento de que somos governados pelo deus Chronos e Mamon. O chronos
faz parte da história grega e o mamon da história judaica. Um é senhor do tempo
cronológico simbolizado pelo relógio que ostentamos no pulso, imposto por mamon,
na parede de casa, igreja e demais lugares, e o outro, mamon, carregamos no
bolso e o guardamos no banco. Uso o chronos para vigiar mamon e manipulo mamon
para controlar o chronos. Eles juntos, em parceria, torna a nossa vida um
inferno, mas o inferno mais cruel é quando se separam. Se eu mandar o tempo
embora, perco dinheiro e se eu mandar o dinheiro pro “espaço” fico sem o que
fazer com o tempo. Veja os mendigos, por exemplo! Não deram a mínima pro mamon
e vivem sem a menor idéia do chronos. Não são governados por nenhum deles, mas
não possuem vida! Dilema né? Pois é, esse dilema fica maior quando você percebe
que suas palavras diante de Deus são mentirosas. Você professa sua fé em Deus,
diz que Ele é o Senhor da sua vida, mas no dia a dia quem manda mesmo é chronos
e mamon. Você corre pra todo lado, é governado pelo tempo, cronometra sua
conversa, olha no relógio a cada minuto, até o culto tem tempo, sem dinheiro
você não constrói “igreja”, se é pastor come a unha a cada culto esperando que
o gazofilácio esteja cheio. Enfim, toda a vida é professada verbalmente ao
Senhor Jesus, mas de fato quem manda mesmo são os dois outros. FERROU!
Quando eu
explico isso direitinho no consultório, me perguntam: - E ai doutor, o que
fazer? Respondo: - De verdade não sei, mas inclusive queria lhe dizer que seu
tempo acabou e a consulta custa “tanto”.