26 março 2010

O Inconsciente Religioso I

Jung, criador da Psicologia Analítica, psiquiatra Suíço e discípulo "rebelde" de Freud disse que o inconsciente humano é mais do que recalques sexuais. Ele também é formado de histórias primitivas que herdamos dos nossos pais, antepassados e culturas. Sendo isso verdade faz sentido quando a teologia diz que pecamos desde o princípio e que herdamos de Adão e Eva a genética do pecado. Nascemos com uma predisposição mental para pecar!
Quando leio que carregamos no corpo as marcas do pecado, esse corpo não é soma(carne), mas ego(caráter), minhas atitudes mentais.
Tenho dito em nossos estudos de Quarta-Feira que muito do que cremos e pensamos está regado pela cultura em que estamos inseridos e mais do que isso, tenho afirmado que o culto que praticamos hoje da forma em que praticamos é eminentemente Americano-Inglês. Os instrumentos, a disposição do salão e o próprio púlpito são puramente da reforma protestante de origem Inglesa.
Nem sempre conseguimos separar nossa crença pessoal e o que herdamos daquilo que a Bíblia diz que é. A isso digo que muitas vezes temos uma idéia de Deus influenciada pela idéia que fizemos dos nossos pais. Quando muito, ficamos com uma visão separada, mas se não tivemos intimidade com os pais, muito raramente teremos uma intimidade com Deus como Pai. Preferimos a visão de Deus Senhor, distante e não aquela de Jesus, Aba Pai. (Paizinho)
A mesma coisa temos sobre a igreja! Estudando a história descobri que no passado, muito remoto, bem antes de Cristo as doenças eram tratadas pelos sacerdotes de várias religiões e culturas. Isso porque a humanidade acreditava que as enfermidades tinham um aspecto espiritual. Hoje, á própria ciência discute a importância da fé (positivista) na cura das enfermidades. Os primeiros a se dedicarem a cura foram os sacerdotes, a procura era tão grande que os budistas tinham seus templos lotados de doentes. Foi Buda, Sidarta Gautama que mandou construir outras instalações a parte dos templos para tratar os doentes. Surgia ai a primeira versão de hospital. O nome hospital vem do latim hospitalis, que significa lugar de hospitalidade, acolhimento e abrigo.
Os primeiros hospitais do Ocidente surgiram na Roma antiga, mais foi gradativamente ao longo da história surgindo os médicos de hoje pautados mais na ciência do que na crendice.
Por isso que acredito ser uma profissão “sacerdotal” a do médico. Recentemente li uma entrevista de um Neurocientista que afirmava que os médicos deveriam ser médicos pela profissão e prazer sem visar o dinheiro.
Voltando ao inconsciente coletivo de Jung, acho que é por isso que as Igrejas pensam que a tarefa maior delas é curar enfermos. Embora que Jesus não tenha dado essa tarefa aos apóstolos entre as quatro paredes da igreja, mas os designou que fossem pelo mundo, mas a igreja sendo vista como templo pelos cristãos (equivocados) carregamos no inconsciente a idéia de que temos de curar, ou pelo menos tratar com hospitalidade os enfermos, pena que tenhamos dado muita ênfase na cura do corpo e tenhamos deixado de lado as doenças de ordem emocional ou mental. A isso damos crédito ao diabo, pois é mais fácil do que admitir a loucura ou a neurose.

*Acompanhe semanalmente o que estarei escrevendo aqui sobre Inconsciente Religioso.

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