14 abril 2010

Inconsciente Religioso III

Em Apocalipse 13, a besta que emerge do mar, tem para os interpretes do texto a idéia de ser o Império Romano o dominador do mundo, mas especificamente o opressor dos cristãos. E foi!
Domiciano, que segundo os antigos acreditavam ser ele uma reencarnação de Nero, foi para os crentes dos dias de João o demônio, ou melhor, a besta. Na simbologia do apocalipse o mar é o problema, a opressão e maldade. Séculos depois essa Roma se cristianiza e continua sendo dominadora e opressora quando o Vaticano luta contra os Protestantes no movimento de separação e reforma com a denominação protestante. São os católicos que criam essa nomenclatura por protestaram contra os abusos da Igreja.
A mente continua escrava da vontade de dominar e neste sentido Roma tem na sua essência o “espírito” dominador, porque mesmo sendo a Roma dos cristãos católicos, sua mente ainda é a de Nero, Domiciano e tantos outros. O mesmo ocorre em muitas outras culturas onde sempre há um que tem no inconsciente o coletivo cultural da necessidade de dominar e oprimir, sempre com uma face de moralidade e bons costumes.
Nas igrejas temos os pastores e lideres que se não dominam não conseguem exercer a sua liderança e assim o povo exige que seja quando legitimam a dominação com desculpas de que são os ungidos do Senhor e não devemos tocar neles. Temos nas famílias o patriarca que exerce a dominação mesmo que subjetiva. Nas culturas temos os dominantes culturais, e assim o inconsciente coletivo se prolifera.
Voltando para Roma e seu cristianismo, na história temos claramente o papa dominando em nome da fé e com isso fazendo o rastro de Roma e Nero e outros, dominando em nome da imagem e da fé neles. Todos que saíram deste caminho eram condenados a morte. Na Roma de hoje também todos que saíram se tornaram hereges e foram condenados a morte com a fogueira das bruxas.
Esse inconsciente arquetípico perpetua e faz daqueles que tentam romper com ele o inferno aqui na terra.
Nas Igrejas evangélicas de hoje estamos no caminho do papado, porque a reforma tem de continuar a existir, com isso a mentalidade de ser um líder dominante perpetua nas consciências subjetivas e tomam a forma disfarçada de apostolado.
A adoração ao pastor e bispo que curam em seus cultos traz consigo o inconsciente coletivo arquetípico da idéia de ser ele objeto de culto. Onde ele fica é o centro literalmente. Se o doente não for a te lá estará condenado a sua enfermidade eternamente. Tem de acreditar no que o “imperador” está dizendo. E o incrível é que funciona e a isso não considero ser Deus como Senhor em que acreditamos, mas o deus que existe no self de cada um segundo Jung, porque na maioria das vezes não se tem dos curados uma conversão.
Nas igrejas ditas apostólicas quem não se encaixa nessa inconsciência e tenta romper está fora da visão e é execrado para fora numa fogueira fictícia da desmoralização.
É visto como não espiritual e está condenado a vagar eternamente por não se deixar dominar por este inconsciente coletivo.
Voltando para o texto de apocalipse, vemos hoje a besta que emerge do mar, mas de perseguição aos que saem do padrão e a besta persegue os que insistem não viver debaixo da dominação do papado, imperador e apóstolos modernos. Acho que os pastores se encaixam aqui também.
O que fazer diante de tamanha dominação? Terapia neles!

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