Ando assustado com as coisas que
ouço e vejo sobre a Igreja. Em algum tempo atrás, isso pode ser lá pela década
de 70/80, a Igreja era um lugar de se encontrar a paz e salvação. O ambiente
era totalmente preparado para se ter o encontro com Cristo. Música e mensagem
eram diretos para o visitante. Depois do sermão o visitante perguntava ao que
convidou: “Você contou minha vida pro pastor”? A gente achava graça porque
sabíamos que Deus havia falado. Contentávamos com a conversão. Não se tinha a
necessidade louca de crescer. A gente não visualizava a conversão de pessoas no
intuito de crescer a igreja, mas de ter a cidade convertida ou o bairro todo
crente. A bem da verdade havia pouca igreja naquela época. E quando alguém saía
de uma não entrava facilmente em outra sem carta de recomendação. A fidelidade
doutrinal era impressionante! Depois de estudar, e naquele tempo se estudava
muito a Bíblia, não dava mais para fazer parte de outra doutrina. Só havia duas traduções de Bíblia e não se tinha essa quantidade diversa de Bíblias de estudo que produz preguiçosos. Naquele tempo tinha de "fuçar" os originais. A convicção
pessoal sobre um assunto era prioridade. Hoje, não tem a menor importância a
doutrina confessada. O importante mesmo é se sentir bem e no fundo, pregando
Jesus está tudo certo. Uma pessoa que queria ser pastor largava tudo, profissão
e emprego, para se dedicar no seminário por internato de quatro anos e mais um ano de experiência
para então ser ordenado. Hoje, ordenação é sem perder alguma coisa e seminário
ficou lá no passado pois posso comprar um diploma de teologia pela internet e se pagar um pouco mais ainda posso levar um doutorado sem nenhum esforço. O que é pior, pastorado hoje é emprego, pois depois de
bater cabeça por ai sem achar qualquer profissão, vai ser pastor, porque está
dando renda.
Os vínculos eram fortes! Um
membro da mocidade ia buscar o outro em casa! Todo fim de semana tinha alguma
coisa acontecendo na igreja como point da moçada. Pecado era não ir à igreja!
Se não tivesse um fim de semana em Cristo não se teria uma semana boa! Pastor
quando telefonava ou visitava era porque a coisa estava crítica. Era engraçado
que a sala do pastor se chamava gabinete. Quando ele pedia para alguém se
dirigir ao gabinete, todos comentavam que algo tinha acontecido. Podia ser uma “chamada”!
(rs)
Os tempos mudaram e muito! Uma
coisa que não havia de forma tão descarada era igreja de rico e igreja de
pobre. Era tudo uma coisa só!
Desde quando a igreja no Brasil
começou a fazer leitura do missionário Donald MacGravan, que foi por trinta
anos missionário na Índia e por lá aprendeu que evangelizar eficazmente só por
castas, o Brasil começou a amargar uma igreja separada por condição financeira.
Um dos pioneiros por aqui foi a Batista do Morumbi e seu pastor Ari Veloso, que
mineiro encantado com tudo que vinha dos EUA implantou por lá na Batista esse famigerado
método. Como Brasil compra tudo de fora, não podia ser diferente com a teologia
nefasta e maligna. Comprou! E deu certo porque nada melhor que o rico sem
pobres por perto! Pode esbanjar sem culpa!
Hoje, o resultado disso é que
quando um pobre se ascende profissionalmente ele não fica na mesma igreja.
Corre para uma dessas que congrega rico! Eu não tenho nada contra ricos, mas
Jesus tem. (Lucas 18.25)
O negócio de Jesus eram os
pobres! (Mateus 5.3)
As coisas mudaram por aqui neste
século XXI, e algumas coisas pra melhor. A música, por exemplo, é sensacional.
Tirando os exageros é claro. A coisa na música ficou tão legal que quando se
perde o brilho no “mundo” pode-se cantar na igreja que tá dando
grana e ibope, nem que seja deboche como o vídeo mais assistido do "para nossa alegria". Mas no passado a maioria das músicas eram tiradas de textos Bíblicos, as
de hoje são tiradas da cabeça mesmo e muitas delas um ego só.
O que antes era pecado hoje não é
mais! Dormir com a namorada? Nem pensar! Ser crente viciado em álcool ou
drogas, nunca! Ele não era crente é pronto! Hoje, tem crente em recuperação! Viciado mas com Cristo!
Doutrina virou coisa do diabo que não alimenta ninguém! O negócio é impactar,
com que eu não sei.
Igreja era vital pro nosso
crescimento, hoje, vital sou eu que estou dando uma força pra igreja, pois ouço
constantemente que fulano está agora em "tal" igreja dando uma força. (rs)
Lembra da sineta que tocava para
começar o culto? Hoje durante o culto o que toca é o celular de uma pessoa
importante e o pior que o infeliz atende sem constrangimento.
O pastor tinha uma enorme Bíblia
com várias folhas do sermão, hoje se tem notebook ou tablet. Lindo! Ao se pedir
para abrir nossas Bíblias, alguns acessam!
Tempos modernos! Mudamos e evoluímos
em muita coisa, mas também nos corrompemos. O número de crentes nominais hoje é
muito alto. Sabe aquele católico do passado que conhecemos e que nunca tinha
ido a uma missa, mas era católico? Hoje temos os mesmo entre nós! É crente, mas
pouco vai à igreja! Contenta-se com o R.R.Soares, Silas Malafaia, Valdomiro e Macedo pela televisão.
E o envelope de dízimo que
circulava todo mês e alguns guardavam com carinho por todo o ano? Hoje em
algumas igrejas se tem maquina de débito! Muito melhor! Ou transferência bancária
ou nada mesmo, pois alguns só dão se houver brinde ou promessa.
Tempos modernos!
Eu poderia ficar aqui descrevendo
inúmeras mudanças, mas isso me deprime tanto que se não parar vou estar totalmente acabado , porque tenho saudades daquele tempo e me angustio com os de hoje,
em que se não tem mais tempo para cultivar o que é importante.