18 abril 2012

No que a Igreja se tornou?


Ando assustado com as coisas que ouço e vejo sobre a Igreja. Em algum tempo atrás, isso pode ser lá pela década de 70/80, a Igreja era um lugar de se encontrar a paz e salvação. O ambiente era totalmente preparado para se ter o encontro com Cristo. Música e mensagem eram diretos para o visitante. Depois do sermão o visitante perguntava ao que convidou: “Você contou minha vida pro pastor”? A gente achava graça porque sabíamos que Deus havia falado. Contentávamos com a conversão. Não se tinha a necessidade louca de crescer. A gente não visualizava a conversão de pessoas no intuito de crescer a igreja, mas de ter a cidade convertida ou o bairro todo crente. A bem da verdade havia pouca igreja naquela época. E quando alguém saía de uma não entrava facilmente em outra sem carta de recomendação. A fidelidade doutrinal era impressionante! Depois de estudar, e naquele tempo se estudava muito a Bíblia, não dava mais para fazer parte de outra doutrina. Só havia duas traduções de Bíblia e não se tinha essa quantidade diversa de Bíblias de estudo que produz preguiçosos. Naquele tempo tinha de "fuçar"  os originais. A convicção pessoal sobre um assunto era prioridade. Hoje, não tem a menor importância a doutrina confessada. O importante mesmo é se sentir bem e no fundo, pregando Jesus está tudo certo. Uma pessoa que queria ser pastor largava tudo, profissão e emprego, para se dedicar no seminário por internato de quatro anos e mais um ano de experiência para então ser ordenado. Hoje, ordenação é sem perder alguma coisa e seminário ficou lá no passado pois posso comprar um diploma de teologia pela internet e se pagar um pouco mais ainda posso levar um doutorado sem nenhum esforço. O que é pior, pastorado hoje é emprego, pois depois de bater cabeça por ai sem achar qualquer profissão, vai ser pastor, porque está dando renda.
Os vínculos eram fortes! Um membro da mocidade ia buscar o outro em casa! Todo fim de semana tinha alguma coisa acontecendo na igreja como point da moçada. Pecado era não ir à igreja! Se não tivesse um fim de semana em Cristo não se teria uma semana boa! Pastor quando telefonava ou visitava era porque a coisa estava crítica. Era engraçado que a sala do pastor se chamava gabinete. Quando ele pedia para alguém se dirigir ao gabinete, todos comentavam que algo tinha acontecido. Podia ser uma “chamada”! (rs)
Os tempos mudaram e muito! Uma coisa que não havia de forma tão descarada era igreja de rico e igreja de pobre. Era tudo uma coisa só!
Desde quando a igreja no Brasil começou a fazer leitura do missionário Donald MacGravan, que foi por trinta anos missionário na Índia e por lá aprendeu que evangelizar eficazmente só por castas, o Brasil começou a amargar uma igreja separada por condição financeira. Um dos pioneiros por aqui foi a Batista do Morumbi e seu pastor Ari Veloso, que mineiro encantado com tudo que vinha dos EUA implantou por lá na Batista esse famigerado método. Como Brasil compra tudo de fora, não podia ser diferente com a teologia nefasta e maligna. Comprou! E deu certo porque nada melhor que o rico sem pobres por perto! Pode esbanjar sem culpa!
Hoje, o resultado disso é que quando um pobre se ascende profissionalmente ele não fica na mesma igreja. Corre para uma dessas que congrega rico! Eu não tenho nada contra ricos, mas Jesus tem. (Lucas 18.25)
O negócio de Jesus eram os pobres! (Mateus 5.3)
As coisas mudaram por aqui neste século XXI, e algumas coisas pra melhor. A música, por exemplo, é sensacional. Tirando os exageros é claro. A coisa na música ficou tão legal que quando se perde o brilho no “mundo” pode-se cantar na igreja que tá dando grana e ibope, nem que seja deboche como o vídeo mais assistido do "para nossa alegria". Mas no passado a maioria das músicas eram tiradas de textos Bíblicos, as de hoje são tiradas da cabeça mesmo e muitas delas um ego só.
O que antes era pecado hoje não é mais! Dormir com a namorada? Nem pensar! Ser crente viciado em álcool ou drogas, nunca! Ele não era crente é pronto! Hoje, tem crente em recuperação! Viciado mas com Cristo! Doutrina virou coisa do diabo que não alimenta ninguém! O negócio é impactar, com que eu não sei.
Igreja era vital pro nosso crescimento, hoje, vital sou eu que estou dando uma força pra igreja, pois ouço constantemente que fulano está agora em "tal" igreja dando uma força. (rs)
Lembra da sineta que tocava para começar o culto? Hoje durante o culto o que toca é o celular de uma pessoa importante e o pior que o infeliz atende sem constrangimento.
O pastor tinha uma enorme Bíblia com várias folhas do sermão, hoje se tem notebook ou tablet. Lindo! Ao se pedir para abrir nossas Bíblias, alguns acessam!
Tempos modernos! Mudamos e evoluímos em muita coisa, mas também nos corrompemos. O número de crentes nominais hoje é muito alto. Sabe aquele católico do passado que conhecemos e que nunca tinha ido a uma missa, mas era católico? Hoje temos os mesmo entre nós! É crente, mas pouco vai à igreja! Contenta-se com o R.R.Soares, Silas Malafaia, Valdomiro e Macedo pela televisão.
E o envelope de dízimo que circulava todo mês e alguns guardavam com carinho por todo o ano? Hoje em algumas igrejas se tem maquina de débito! Muito melhor! Ou transferência bancária ou nada mesmo, pois alguns só dão se houver brinde ou promessa.
Tempos modernos!
Eu poderia ficar aqui descrevendo inúmeras mudanças, mas isso me deprime tanto que se não parar vou estar totalmente acabado , porque tenho saudades daquele tempo e me angustio com os de hoje, em que se não tem mais tempo para cultivar o que é importante. 

04 abril 2012

A verdade por detrás da tentação de Jesus no deserto!


“E quarenta dias foi tentado pelo diabo, e naqueles dias não comeu coisa alguma; e, terminados eles, teve fome.E disse-lhe o diabo: Se tu és o Filho de Deus, dize a esta pedra que se transforme em pão.E Jesus lhe respondeu, dizendo: Está escrito que nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra de Deus.“ Lucas 4:2-4

Pensando sobre este momento de Jesus e sua tentação cheguei algumas conclusões e reflexões sobre o que isso pode nos ajudar a pensar a vida.
Após o período de 40 dias diz o texto que Jesus teve fome e neste limite intenso de atender a vontade natural do corpo veio a Ele o diabo. Esse diabo lhe propõe o atendimento da vontade por meios rápidos. Sair dali, ir a uma casa, ou ainda preparar a refeição demora muito na urgência dos apetites. Assim somos nós que quando temos o grito da vontade associada ao prazer, porque comer uma boa refeição não só é alimento como prazer e Freud diz que o bebê suga pelo prazer e não pela fome, damos o nosso jeito como proposto pelo diabo mas ai que mora o perigo. Diante do prazer eu recebo o sussurro dele sugerindo-me a saída rápida para meus apetites. –Você pode e tem poder pra isso! Diz o tentador! O limite em que nos encontramos nos apetece para a realização do mesmo. É o caso do adicto e o compulsivo que se utiliza dos seus meios para realizar o seu prazer. A resposta de Jesus ao diabo foi que há outra coisa alem do pão. Não tem só o pão como alimento. Não existe para a realização do meu prazer um único objeto. Existe algo alem disso que é a palavra de Deus. Deus é superior e reconheço isso em minha vida. A saída de Jesus foi convincente porque era em primeiro lugar convincente pra Si mesmo. Enquanto eu continuar achando que só o pão, a droga, o cigarro, minha esposa, meu marido, meus filhos ou qualquer outra coisa são meus únicos suprimentos não haverá superioridade na palavra de Deus porque ainda não reconheci que acima de mim existe algo. Estou colocando num simples objeto todo o meu suprimento. Diante do limite que o prazer me coloca, se eu não estiver absolutamente convicto da verdade eu sucumbo.

“E o diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo. E disse-lhe o diabo: Dar-te-ei a ti todo este poder e a sua glória; porque a mim me foi entregue, e dou-o a quem quero. Portanto, se tu me adorares, tudo será teu.
E Jesus, respondendo, disse-lhe: Vai-te para trás de mim, Satanás; porque está escrito: Adorarás o SENHOR teu Deus, e só a ele servirás.”  Lucas 4:5-8

Este outro momento logo a seguir, foi a tentativa de piorar a situação de Jesus, pois no deserto, sozinho, sem amigos e sem qualquer distração que nos coloca na zona de conforto e na busca por momentos aprazíveis o diabo surge novamente com uma outra proposta, talvez mais interessante. Dar todo o reino do mundo a Jesus, com a condição de adorá-lo. De tornar o diabo em seu supridor. Esse momento é complicado porque se Jesus não quer usar dos seus recursos para mudar a pedra em alimento então que se distraia com tudo que tem no mundo. Aqui fica o conceito que muitas vezes vivenciamos que ao estar envolvido com a dinâmica da vida não sentimos fome. O corre-corre que a vida impõe acaba sendo útil pra fazer esquecer a fome, mas a condição é: Tornar o diabo o seu deus. Fazer dele seu objeto de veneração, porque assim ele tendo você entretido com o mundo ele pode continuar com o mundo. Como seu desejo foi ser adorado, visto, notado e cultuado tendo quem o despreze é o pior que poderia lhe acontecer. O ativismo que a vida submete a muitos, correndo para conquistar o poder do mundo, seu espaço e o glamour que o poder traz, é uma grande sacada diabólica. Quando Jesus responde que só a Deus adorarás e servirá Ele está atacando em si mesmo e o diabo com a verdade com que atacou a tentação do pão, porque Ele diz que está escrito e afirma pra si mesmo o que está escrito. Existe algo maior que o mundo. Existe um sentido mais profundo de viver que não está contido no mundo e que mesmo tendo o mundo e seu poder ao meu dispor não poderá me suprir. O barato que o compulsivo adquire nas compras e nas drogas ou até mesmo no sexo, Jesus sabe que é pelo tempo que tudo isso durar e isso dura até acabar. O mundo anestesia a dor! Quando estamos deprimidos ou chateados, uma voltinha no shopping supre. Até mesmo comprar um par de meias da a leveza que precisava porque usei o poder de compra que satanás propôs a Jesus. O problema é que escraviza, porque essa foi a proposta do diabo; Eu dou mas tem de ficar comigo, o que é uma grande diferença com Deus que dá pela graça, sem nada cobrar.

Por fim, a última tentativa com mais investida.

“Levou-o também a Jerusalém, e pô-lo sobre o pináculo do templo, e disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; Porque está escrito: Mandará aos seus anjos, acerca de ti, que te guardem, E que te sustenham nas mãos, Para que nunca tropeces com o teu pé em alguma pedra. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Dito está: Não tentarás ao Senhor teu Deus.”  Lucas 4:9-12

Então faz o seguinte; aventure-se no que quiser que no fim terás o cuidado de Deus. Essa foi demais e tem sido assim conosco até hoje. Poderíamos trocar a palavra de Jesus “não tentarás” para “não forçarás”, porque o sentido é esse. O que o diabo propõe é; “faça o que quiser que Deus cuida.” Compre tudo que Deus paga, coma de tudo que Deus cura, viva do jeito que quiser que Deus resolve. Carregamos essa semente em nós quando tomamos atitudes confiando que algum familiar irá suprir nossas contas, assumir nossos riscos, ou queremos que o governo nos ajude, nossa igreja, amigos, enfim, posso viver do meu jeito que no final alguém me socorrerá se der errado. Pula! Se jogue sem medo porque Deus será forçado a resolver seu problema afinal Ele é Deus. O que os pregadores da televisão ensinam é isso. Dê algo para Deus porque Ele será forçado a te abençoar. Não importa como viveu. Estamos tentando Deus o tempo todo! Cedemos à provocação do diabo. A tentação é uma força que nos empurra ao erro. Por isso que Tiago nos adverte que Deus não tenta ninguém, pois Deus não quer que você seja forçado a fazer. Ele não é um tirano, pois os tiranos é que forçam pela força e muitas vezes usando minhas fraquezas e isso o diabo conhece muito bem.
A resposta de Jesus é a compreensão que Ele tinha de que o cuidado de Deus não pode ser colocado na força ou coação, mas é usado na naturalidade da vida sem tentação. E Ele disse isso no momento em que mais precisou, porque no deserto estou totalmente vulnerável e “abandonado”. Exposto e fragilizado. Cansado e desgastado! Sozinho e desamparado. Contudo, a verdade inicial de que não tem só o pão que me sacia, mas a palavra de Deus que carrego dentro de mim, faço uso dela para não pecar contra Deus.


Conclusão: Todas essas investidas do diabo é a tentativa de infantilizar Jesus, pois Ele estava com 30 anos, o que se dá a maioridade Judaica com autoridade para começar alguma coisa. O mesmo que nós quando alcançamos a idade para iniciar a vida ainda estamos presos aos vícios e atitudes que infantilizam impedindo de prosseguir mas tendo de usar artifícios de menino para sobreviver.

Espero que tenhamos aprendido a lição do mestre!