No dicionário, esse termo é descrito como rompimento de um
grupo religioso. Pode também ser designado para pessoas desconfiadas.
Ao longo da história, vários cismas foram feitos. Os
protestantes como foram apelidados pelos católicos, provocaram um cisma, que a
meu ver não é bem um cisma. O rompimento não gerou uma Igreja Católica aparte,
mas outro movimento.
Geralmente o cisma é provocado por grupos internos que
discordam de outro grupo interno e se há grupos internos não há unidade. Chega
perto da intolerância ao outro. O “outro” na concepção de Lacan (psicanalista
Francês), é visto como um oponente e por causa de minha insegurança eu preciso
eliminá-lo. Segundo o filósofo Sartre, o inferno são os outros. (...)
O cisma é sempre oriundo de posições inflexíveis que nascem
de um coração arrogante. Um sujeito carregado de um complexo de inferioridade,
se investe da síndrome messiânica e como sempre são inteligentes, se embasam
num discurso absolutamente organizado e lógico passando a investir contra o
outro, puxando para o seu lado os que observam de longe mas não possuem nem a
coragem e nem a petulância alheia do cismático.
Contudo, o cisma pode parir outro movimento, que dentro dele
mais tarde pode vir a lhe apunhalar pelas costas. Ou, mais tarde chegar-se à
conclusão que tudo não passou de uma grande bobagem, já que nunca se sabe tudo
da história e o presente é míope perante o futuro. Investido de personalidade
adolescente, os provocadores do cisma cismam que estão certos e de que se o
rompimento não ocorrer, uma desgraça maior pode acontecer. É sempre um
movimento na direção da preservação, creem os cismados e cismáticos.
A proposta sempre me pareceu ser o diálogo, sobretudo
acompanhado de uma boa dose de respeito e acima de tudo desconfiança sobre
minhas opiniões. Digo “de passagem” que não se trata de fragilidade em minhas
crenças, mas compreensão tão forte delas que posso ouvir o outro sem me sentir
ameaçado de forma que venha até mesmo respeitar o cismado. Se não me falha a
memória, o apóstolo Paulo fala algo parecido em sua carta aos Romanos no
capítulo 14. Depois dá uma lida lá gente boa.
Seguindo adiante, o cisma só envergonha nossa humanidade. Ele
mostra o quanto somos bons faladores, mas péssimos praticantes. Exigimos
respeito, mas nunca respeitamos opiniões contrárias, e o discurso bom é sempre
na órbita do “se eu concordar estou permitindo o erro”, como se fôssemos
detentores e guardiões da verdade. Não quero aqui defender o direito
constitucional de uma organização de advertir os errantes (pois eles existem)
dos seus erros mediante a escrita constitucional, mas apenas lembrar que erro
não é se portar de forma diferente dentro da mesma verdade. O que digo então?
Digo por exemplo que se é constitucional se portar de forma decente em
ambientes solenes, eu preciso primeiro reparar o que o ambiente entende de
solene. Não posso ir há um casamento de short por exemplo. Seria no mínimo
falta de respeito aos noivos! Temos um problema ético, mas não constitucional.
O problema surge quando os “advogados”, especialistas em
buscar brechas na lei, crescem contaminados pelo ego narcisista e arvoram
inconstitucionalidades no comportamento do outro.
O cisma também retrata que a unidade é muito desrespeitada,
pois os cismáticos acreditam que é preciso defender a causa, não se dando conta
que o outro é a causa a ser defendida. Matamo-nos um ao outro em nome da ordem.
Aquele dito popular que meu direito termina quando começa o do outro não é
respeitado. Neste caso os limites não se interpretam pelos limites, mas pela
intolerância. Complica!
Às vezes é preciso romper mesmo com alguém ou com uma
organização, mas isso não é um cisma, é apenas “tirar meu time de campo” por
não concordar com tal postura a mim imposta. Isso é simplesmente sair de
fininho e buscar outro “guarda chuva” ou ficar na chuva mesmo. (rs)
Concluindo, o cisma sempre machuca. Sempre fere e constrange,
porque retrata muito mais a doença do que a cura.
Entendeu gente boa? Se ao menos não entendeste é porque já
pode estar contaminado pelo cisma. (rs)
Meu desejo é levar você a reflexão!
Antonio Jeam
Seu amigo sem cisma!
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