Afirmação
cruel, talvez, mas verdadeira. Vou tentar explicar o que me faz
escrever isto.
Quando você
está numa discussão com alguém, percebe que há nela e em você um padrão já
estabelecido de pensamento.
Verdade é
como um caminho de trem ou para ser mais humano, meus pés. Eles são dois e
diferentes. Esquerdo e direito e ambos não são exatamente iguais, mas medidas
diferenciadas e juntos me levam aonde quero e preciso. Também duas verdades
amigas, o que quero e o que preciso.
As pessoas
não são puras, e tal pureza não é moral, mas intelectual. Quando uma criança
aprende ela demonstra em seu olhar se está gostando ou não do que vê. Já com
um adulto a coisa fica mais severa porque ele pode dialogar e seu poder de
conversar sempre está pautado em suas crenças morais e intelectuais.
Verdade é o
que faz sentido! Mas nem sempre o que faz sentido é uma verdade!
A
complexidade da vida nos confunde e nessa confusão a briga surge entre nós.
O difícil é
entender o que o outro pensa sem ter que discordar ou concordar. Ouvir é mais
complicado do que convencer.
Se não fosse
verdade, só haveria um partido politico, uma religião, um governo, um só
caminho e tudo uma coisa só. Obviamente que não é saudável, pois a polaridade é
tão real como necessária. Que graça teria se fosse tudo uma coisa só?
Por que
estou dizendo isso?
Como
psicanalista e pastor, nas horas vagas é claro, porque em todo tempo sou gente,
percebo que não somos puros. Se fossemos, ainda assim haveria pessoas que nos
colocariam no quadro dos ingênuos, ou, bobos. Ambiguidade e paradoxismo são
inapropriados declarar, mas contudo é inerente. O politicamente aceitável e
correto é a defesa de posições com convicção. “Eu sei que nada sei” é um erro,
mas uma verdade. (rs)
Quando Jesus
disse que Ele é o caminho, a verdade e a vida, alguns entendem como caminho
sinuoso, reto, alto e baixo, verdade paradoxal, e vida liberal, estreita ou
folgada e apertada. Cada um entende como quer entender!
Freud disse
que somos produtos do meio, já Jung disse que não, crescemos em cima de uma
base pessoal.
Os dois tem
razão!
Se fôssemos
mais curiosos e menos interessados em manter nossa força, não brigaríamos
tanto. Há sempre o que aprender com o outro sem destruir o que há em nós.
Ouvir não
significa concordar, mas aceitar o outro e suas opiniões.
Mas ainda
assim haverá quem diga: - Não posso ficar quieto se o outro estiver errado,
tenho de demovê-lo de tal ideia!
Não devemos
nos esquecer de que a história já nos provou que no passado quem assegurava
estar certo, hoje se prova que estava errado. Um exemplo?
Galileu
Galilei teve que pedir desculpas por acreditar que a terra é quem gira ao redor
do sol, e não o contrário. Hoje o Vaticano reconhece que não é o sol que se move,
mas a terra. Sabedoria teve o Galileu em negar, pois assim viveu mais alguns
anos!
Toda
assertiva é muitas vezes excludente!
É obvio que
não posso concordar com tudo, e nem estou falando de concordar, principalmente
em questões morais ou imorais. Não posso aceitar um psicopata em minha seara
por respeitar seu gosto por matar pessoas. Não confunda alho com bugalho, mas
posso, por exemplo, aceitar em minha igreja, família ou amizade quem pense como
Freud, ou como Jung, ou com Calvino, ou com Armínio, ou com Jayme Kemp, ou até
mesmo como Richard Dawkins.
Não pode?
Bem, isso pode ser uma inflexibilidade do ego de cada um, e em muitos o ego é
tão rígido que não aceita nem uma e nem outra posição, somente a sua!
Em
determinado contexto vejo uma verdade em Freud, em outro contexto vejo uma
verdade também em Jung. Calvino tem suas razões olhando por uma ótica, mas Armínio
também tem as suas por outra ótica.
Quando
conseguimos entender o inconsciente de cada um, percebemos o porque dele pensar
como pensa. Há defesas no ego para formular o conceito defendido!
Tentando
resumir! Somos regidos por nossas vontades subjetivas que tendem a nortear
nossa vida à fuga do sofrimento ou ao desejo dele.
Não somos
puros, somos contaminados por nós mesmos!