08 janeiro 2010

Fragilidade

Observando as pessoas que vem e vão numa recepção do hospital bem de frente ao centro cirurgico constatei a fragilidade humana estampada nos rostos anônimos.
Roupa melhor ou cabelo mais bem penteado ou chave do carro importado e até mesmo uma cultura mais aprimorada não ajuda muito quando se tem um ente querido na sala de cirurgia.
Qualquer um teme e sente o cheiro da duvida e a sombra da morte passar perto.
Se há algum ateu neste publico penso que até ele percebe que a vida parece ficar na mão de um Ser superior. É lógico que ele pensa no medico como esse ser superior, mas o medico é o deus que ele acredita naquele momento. O ateu é assim! Diz que não acredita em deus, mas é no nosso Deus que ele não crê mas é impossível se viver sem a construção ideológica de algo maior que nós mesmos.
Neste universo recepcional hospitalar o medico é a figura mais desejada possível. Sua palavra e seu conselho é o âmago do self de cada um neste momento.
Como eu estava falando, Deus aparece na esperança de cada um nesta hora, até porque se não for assim é quase que impossível resistir à demora e a frieza medica.
Neste local tudo é gelado!
Embora nosso ego esteja quente na espera de noticias a nossa alma esta fria no medo dela chegar e não ser favorável.
O bom disso de vez em quando é a percepção da fragilidade da vida e os novos planos que fazemos na espera da recepção de que se der tudo certo muita coisa vai mudar. E muda mesmo porque chegamos bem perto da incerteza humana e da fragilidade da vida.

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