Um misto de orgulho e alivio toma conta de minha alma diante das últimas notícias vindas do Rio de Janeiro.
Nasci e me criei até meus 18 anos na Penha. Bairro onde está o morro da Vila Cruzeiro. Tenho até uma tia que saiu de lá. Quando mudei do Rio de Janeiro foi por ter me apaixonado pela cidade de Miguel Pereira e quando sai de Miguel Pereira foi por ter me apaixonado por Jesus e tive de ir pra um seminário em São Paulo estudar e não sai de São Paulo por ter me apaixonado por uma mulher que é a mãe de meus filhos e essa paixão perdura até hoje. (rs)
Mas a criminalidade do Rio estava demais. Não estava mais sendo conhecido pela beleza natural e sim pelos bandidos que ela começou a fabricar. O pior disso tudo é o encanto que eles provocam nas crianças. O antropólogo Roberto da Matta retrata isso em seu livro “carnaval, malandros e heróis”.
Jung mesmo tem algo dito sobre o mito do herói e o problema do Rio de Janeiro era que os heróis estavam sendo distorcidos.
Por ter sido a cidade dos primeiros missionários o Rio de Janeiro é um estado de muitos evangélicos, mas como todo crescimento provoca uma queda na qualidade isso foi inevitável. Certa vez quando estive no morro de Duque de Caxias fazendo uma conferencia numa igreja Congregacional, o pastor me alertou que o chefe do morro poderia me pegar para que eu orasse por ele. Isso não ocorreu, mas fiquei pensando e me contaram que muitos do tráfico são crentes ou filhos de crentes. Tai algo inusitado e incompatível!
Essa guerra urbana deflagrada no Rio é por conta do filme “Tropa de Elite” que resolveu mostrar outro herói. Como fazem os americanos! Antes, os filmes nacionais eram só de sacanagem ou de deboches, mas ai veio o tropa 1 e 2. Pronto, a mentalidade começou a mudar! Certo de que alguns inocentes acabam pagando nesta guerra toda, chegou a hora em que é preciso topar de frente e executar os ratos que infestaram a cidade maravilhosa de peste por tantos anos. O crime é uma peste! Achávamos que o evangelho era a cura, mas provou que não, porque o evangelho que chega às casas e na mentalidade do povo é um evangelho também marginalizado e institucionalizado que não provoca mudança, mas só traz deslocamento.
O governador Brizola que tinha uma filha viciada impedia a policia de subir os morros e combater o crime. E naquele tempo ele podia ser menor que hoje e mais fácil de destruir.
Para você entender que esse problema é muito antigo, o governador evangélico Geremias Fontes que governou o Rio nomeado pela ditadura de 1966 até 1971, quando deixou o governo seu filho era viciado. Dedicou-se a uma clinica de recuperação de viciados conhecida como S8 em Niterói.
Tá feito o que precisava fazer! Prender, matar e abrir guerra contra o crime. Minha esperança é de que todo armamento e drogas apreendidas não caiam nas mãos dos bandidos novamente e que na policia não tenha bandidos travestidos e que agora o governo entre com ação social nos morros para descontaminar as crianças que viam nos bandidos os seus heróis.
A própria igreja instalada nos morros precisa mudar também a mentalidade de que os bandidos dão proteção como a Universal do Reino de Deus disse através de um de seus bispos e não acolher o tráfico como se eles fossem amigo.
Parabéns aos novos heróis que ganham pouco mas lutam pelo que ama, proteger a população e sua família.