18 julho 2006

Porque rompi com a psicanálise clássica?

Muitos amigos me perguntam: Porque eu não atendo mais em consultório pela arte da psicanálise?
Para responder a essa pergunta que está sem resposta há mais de cinco anos, formulei este artigo. Fiquei pensando se ofenderia algum colega pastor que estudou comigo ou foi meu aluno quando dei aula de psicanálise! Não é essa a minha intenção!
Conhecer as teorias da psicanálise é importante para ter a dimensão das questões mentais do ser humano, mas ser profissional e pastor é ambíguo.
Quando procurei a psicanálise e cursei a sua formação, não tinha a intenção de que ela fosse à normativa da minha vida. Quem dá a palavra inicial e final é sempre a bíblia, o que creio ser a palavra de Deus.
Depois de 10 anos de formação acredito que para o pastor a psicanálise pode ser problemática no seu exercício se ele dicotomizar o chamado pastoral.
Um pastor conhecido após estudar Freud, usou o púlpito para ensinar a psicanálise e esqueceu da bíblia. Uma ovelha sua me disse: “Não agüento mais o meu pastor pregar Freud todos os domingos.”.
Expressões do tipo: “O irmão está com um problema” é muito comum dentro da igreja hoje. Na realidade o irmão tem um pecado que não quer largar, ou ainda não renunciou totalmente a própria vida por Cristo. Quem resolverá isso? O psicanalista ou o psiquiatra?
A qualquer sinal de agressividade ou depressão, enfiasse goela abaixo remédios controlados e o resultado é a dependência química.
A questão da qual tenho sido confrontado é: “O problema que o irmão tem não é simples assim”. Ouço isso e até mesmo já disse isso por várias vezes, mas eu me pergunto: O pecado foi simples na vida do homem? Será que temos a compreensão do tamanho do estrago que o pecado causou na alma humana?
Quem vai responder a isso? A psiquiatria a psicanálise ou a bíblia?
A crise ministerial hoje é pensar que a psicanálise ou a psiquiatria tem resposta para a doença do homem. Se não tem, então porque se faz terapia e não renuncia aos pés da cruz o pecado?
Não quero jogar a banheira, com água e a criança fora, mas o uso que se está fazendo da psicanálise hoje e da terapia, assim como dos remédios é muito grande.
Os diagnósticos são baseados nos conceitos psicanalíticos e psiquiátricos e por último se escuta a bíblia se as fórmulas da terapia não funcionarem.
O ponto é? Tem se vivido a vida cristã como Deus pede? Tem se renunciado a si mesmo como deve para que Cristo viva em nós?
Ainda creio em alguns conceitos da psicanálise, mas se os postulados da psicanálise dizem que não se pode se envolver com o problema do paciente e a bíblia diz que é para chorar com os que choram e se preocupar com o que é do outro, eu fico com a bíblia.
Se a bíblia diz que é para falar de Cristo em todo tempo, aproveitando-se as oportunidades e a psicanálise diz que não se pode falar de religião, eu fico com a bíblia, até porque Deus não é religião.
Atender terapeuticamente sim, mas fidelidade a Freud não!
Acreditar mais nos recursos da psicanálise do que no poder da oração e no poder da palavra, não cabe para um pastor.
Eu resolvi comigo, que o pastorado é uma vocação de Deus! Não posso atender as pessoas pensando que naquele momento não posso sentir a sua dor, chorar com as suas necessidades e orar pelas suas carências porque naquele momento eu sou psicanalista e não pastor. Como é isso? Pastorado agora é profissão que só deva ser exercido na igreja e não fora dela? E se eu cobrar a consulta e o paciente souber que sou pastor? Será que ele não ficará ressentido porque cobrei por algo que deveria estar fazendo por amor e de graça? Que é ouvir a sua dor!
Com certeza, a beleza da vocação está perdida e a supremacia do oficio maculada.
Em todo tempo, em todo lugar e a qualquer momento, eu sou pastor não de título, mas de chamado, e chamado por Deus para os que estão perdidos e aflitos.
Por causa disso eu rompi com os postulados da psicanálise clássica, embora entenda sua importância abaixo das escrituras e do poder de Deus.
Não podemos nos esquecer que Freud foi um homem que viveu em seu tempo, uma crise com a paternidade, do qual projetou em Deus a sua neurose.
Aos amigos psicanalistas, eu rompi. Rompi com a forma, essência e postura da psicanálise, mas ainda guardei os pensamentos que não colidem com a bíblia, que a meu ver são poucos, muito poucos.
Aos amigos pastores, somente Deus é capaz de curar o homem e somente a bíblia é eficaz na transformação dele e somente o Espírito Santo é poderoso para agir em nós.

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